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Pesquisadores da Unila analisam dados da covid em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este e recomendam ações de controle

Postado em 16/10/2020 por

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*Fonte imagem : Pesquisadores da Unila analisam dados da covid em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este e recomendam ações de controle*


Para o Grupo de Trabalho, reabertura da Ponte da Amizade torna necessário acompanhar o número de casos nas duas cidades e implementar ações conjuntas.

Imagem: Divulgação / Unila.

A abertura da Ponte Internacional da Amizade, depois de sete meses com fluxo interrompido, tem preocupado as autoridades de saúde do Brasil e do Paraguai. Para auxiliar a tomada de decisões sobre medidas de contenção e prevenção da covid-19, o Grupo de Trabalho de Projeções da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), com sede em Foz do Iguaçu, levantou uma série de dados comparativos sobre a evolução de casos nos dois países e elencou algumas recomendações (leia o informe completo em http://bit.ly/informe_4).

Para os integrantes do grupo – pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento – “é importante que a situação epidemiológica das duas cidades seja avaliada em conjunto para que seja feito o planejamento de atendimento e para que se possa entender o momento da pandemia de covid-19 de forma mais ampla”.

De acordo com os dados coletados pelo GT, Ciudad del Este, a principal do Departamento de Alto Paraná, tem 4.699 casos confirmados de covid-19, uma incidência de 1.544 casos por 100 mil habitantes. Foz do Iguaçu acumula 7.850 casos, com uma incidência de 3.065 casos por 100 mil habitantes. Embora com mais casos da doença, Foz do Iguaçu apresentou menos mortes (117 – dados atualizados até o início desta semana) e menor letalidade (1,5%) que Ciudad del Este, que registrou 184 mortes e letalidade de 3,9%.

A evolução da pandemia também foi diferente nas duas cidades. Ciudad del Este teve o maior número de casos em agosto e vem apresentando redução desde então. Foz do Iguaçu, ao contrário, registrou o maior número de casos em julho, redução em agosto e uma elevação no mês seguinte, permanecendo em um patamar médio de 70 casos por dia. Em setembro, a média diária de novos casos em Ciudad del Este era de 48.

Imagem: Divulgação / Unila.

A situação em Foz está melhor em outubro, segundo o GT, com média de 48 novos casos por dia, próximo dos dados registrados em agosto, quando houve uma grande queda no número de casos. “Estes indicadores são positivos, mas as médias diárias ainda estão altas e o número de casos ativos segue superior a 200. Em agosto, tivemos uma grande queda e levamos 20 dias para somar mil casos novos. Agora, estamos nesse mesmo perfil”, comenta a bióloga, professora da Unila e coordenadora do trabalho, Elaine Della Giustina Soares.

Ela explica que, após a queda registrada em agosto, a cidade passou cinco semanas com uma média de 70 a 80 novos casos por dia, entrando em queda novamente no início de outubro. “O número de novos casos está em queda, mas está cedo para falarmos em queda sustentada, porque a média diária ainda é de mais de 40 casos por dia”, avalia.

Em relação ao número de novos casos por dia, Ciudad del Este vem registrando volumes mais baixos em outubro: média diária de 14 casos, sendo apenas oito na última semana. O número de casos ativos, no entanto, também segue superior a 200.

De acordo com a nota técnica nº 06, de 18/09/2020, da Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Novo Coronavírus na UFPR, sobre a evolução da covid-19 no Paraná, utilizada no estudo realizado pelo GT da Unila, Ciudad del Este está na bandeira verde – incidência de um novo caso por dia a cada 100 mil habitantes –, o que significa controle da transmissão comunitária, necessária para o retorno amplo de atividades e supressão da doença.

Nesse aspecto, a situação em Foz do Iguaçu é mais preocupante, uma vez que a cidade está na bandeira laranja – incidência de 10 a 25 novos casos por dia a cada 100 mil habitantes –, “indicando que é necessário atenção e ampliação das restrições, e não a ampliação da flexibilização que tem ocorrido”, diz o documento elaborado pelo Grupo de Trabalho.

“Espera-se que, com o aumento do trânsito transfronteiriço, haja uma homogeneização da situação epidemiológica das duas cidades, com tendência para o aumento do número de casos em Cidade do Leste”, alertam os pesquisadores. Para o grupo, “a partir de agora será necessário acompanhar os números de casos nas duas cidades, que deveriam implementar ações conjuntas de acompanhamento”. Segundo o estudo, com a abertura da ponte, “a redução da circulação do vírus em Foz do Iguaçu é fundamental para não impactar negativamente o número de casos para Cidade do Leste”.

O alto índice de resultados positivos em relação aos exames realizados em Foz também preocupa os integrantes do GT. A média diária de exames na última semana foi de 222, com índice de 20% de resultados positivos. “O ideal seria 5% de positividade nos exames (quando avaliado o retorno a atividades presenciais em universidades)”, relata o documento, usando como referência a nota técnica nº 06. Elaine Soares salienta que, embora o número de exames esteja próximo ao registrado em agosto, quando houve queda acentuada no número de casos de Covid-19 em Foz, o índice de positividade está maior.

Um dado positivo apontado no trabalho é o índice de ocupação de UTI’s, que atualmente está em 72% dos 75 leitos disponíveis. “Uma situação um pouco mais confortável”, mesmo assim, ressalva o documento, o valor está “muito acima dos 50% que são considerados como estado de atenção e próximo aos 80%, que indicam a situação de emergência”. O estudo lembra, também, que o número de leitos de UTI vem sendo acrescido desde o início da pandemia, e que o Hospital Municipal Padre Germano Lauck chegou a uma ocupação de 90% em setembro e outubro.

Imagem: Divulgação / Unila.

Recomendações

O estudo conclui que o cenário apresentado mostra que a pandemia de Covid-19 ainda não está controlada e que é preciso que a população “siga atenta para evitar aglomerações, manter o distanciamento social e entender a importância do uso de máscaras como medidas de redução da circulação do vírus”.

O Grupo de Trabalho preparou uma lista de recomendações para auxiliar no processo de reabertura da Ponte da Amizade. “Neste processo, as instituições que estão presentes na cabeceira da ponte podem auxiliar fortemente no processo de informação e conscientização de pedestres e motoristas”, diz o documento, lembrando que a Unila colabora com este processo através de barreiras sanitárias, uma delas em funcionamento na Ponte da Amizade.

Os pesquisadores elencam medidas voltadas para o comércio e as cabeceiras da ponte, onde pode haver aglomeração, e para a orientação da população. “As ações neste primeiro momento devem estar fortemente focadas nos pedestres que atravessam a ponte e nas pessoas no interior de lojas, shoppings e comércio em geral”, diz o estudo, ressalvando que as medidas devem ser reavaliadas se houver aumento nos números da doença. “Se conseguirmos um forte engajamento das pessoas, com ações de higienização das mãos, uso de máscaras e distanciamento social, poderemos conseguir a reabertura da ponte em termos mais seguros, promovendo, assim, o retorno permanente e seguro das atividades econômicas.”

O Grupo de Trabalho de Projeções da Unila reúne profissionais e pesquisadores das áreas de Saúde Coletiva, Medicina, Epidemiologia, Biologia, Geografia, Física, Comunicação e das Engenharias, que estudam as dinâmicas da covid-19 levando em consideração a localização e as características populacionais de Foz do Iguaçu, do Oeste do Paraná e da Tríplice Fronteira. O GT faz parte de uma das nove ações institucionais de enfrentamento da covid-19, promovidas pela Unila com o apoio da comunidade externa.

Principais pontos para um protocolo de reabertura da Ponte da Amizade

1 – Comércio: manter os mesmos cuidados tanto no Brasil como no Paraguai: estabelecer um limite máximo de clientes, manter distanciamento de no mínimo 1,5 m entre clientes e lojistas, usar as máscaras corretamente, disponibilizar álcool em gel em abundância para clientes e funcionários, orientar sobre o fluxo interno seguro no interior das lojas;

2 – Os locais críticos onde pode ocorrer aglomeração de pessoas seriam as cabeceiras da ponte. Estabelecer, nesses locais, centros para ações de conscientização e informação, barreiras sanitárias, fornecimento de álcool em gel, eventual distribuição de máscaras, entre outras ações;

3 – Orientação sobre sintomas: espalhar fortemente a informação para quem apresentar sintomas, que permaneça em casa e entre em contato com o Plantão Covid. Divulgar amplamente os meios de contato do Plantão (telefone, WhatsApp, redes sociais).

RCI, com informações da Unila.

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